623 – Um carrasco nada augusto

Para o Saci, o carrasco dos docentes, ex-comunista,  perdeu o martelo e ficou só com a foice… (clique na arte para visualizá-la melhor).

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Nobre Prof. Rocha,

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estaquei, do texto infra, apenas uma frase que representa a razão  instrumental exarada do manual do Banco Mundial que os governos  neoliberais adotaram como catecismo para garrotear o trabalhador. Recentemente, o governador Jaques Wagner aplicou rigorosamente o eficaz remédio aos docentes da rede estadual. Explico: eficaz do ponto de vista do capital. Certamente, os colegas professores saberiam resistir às mentiras do atual síndico (ou, data venia, seria cínico?) do Palácio de Ondina, não fora a coceira no estômago…

O excerto que me refiro é o seguinte:

“O amortizador natural para excessos grevistas é a supressão de salários”.

Como ex-comunista, o Sr. se identifica imediatamente com o que pode inspirar os governos que apenas tentam manter erguidos os tapumes coloridos de verde-amarelo, como maquiagem de democracia. Que tenha mudado de lado, tudo bem, pois o fez por vontade própria e convicção. Que se coloque, entretanto, como propagandista do garrote vil, é, simplesmente, deplorável.

Ao escolher o artigo do Prof. Cezar Leite como teórico do seu credo, por meios atravessados, o Sr. está pedindo o corte de salário dos professores das IFES. Tenho certeza que seus colegas, e neles me incluo,  não esquecerão jamais essa lamentável traição. Por outro lado, o conhecido físico, ao prescrever veneno letal contra o movimento docente  e contra os trabalhadores da Educação, já aponta de que lado está sua vã ciência (com c minúsculo mesmo!).

À semelhança da fala da Prof. Graça Druck, que gravei em vídeo e publicizei no Blog do Saci-Pererê, ao olhá-lo, ou melhor, ao ler o que o Sr. escreveu, sinto pena pela UFBA abrigar alguém capaz de tamanha covardia. Não foi à-toa que se fez guardar por “armários” tão musculosos na Assembleia do dia 7 de agosto. A consciência pesada astucia as mais insólitas “soluções”.

Saudações universitárias e sindicais.

Menandro Ramos
FACED/UFBA

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OBS.:

O Prof. João Augusto Rocha, diretor destituído da APUB, talvez ainda ressentido com a Assembleia de 15/08/2012, dos Professores da UFBA, postou um artigo do Prof. Cezar Leite, como que pedindo o corte de ponto dos docentes. Na sua mensagem, simplesmente escreveu “Deu no jornal…”. E deixou a bomba com o articulista, como se isso o livrasse do desprezo dos seus colegas. Mais uma de suas atitudes covardes com que brinda a categoria.

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Rogério Cezar de Cerqueira Leite
TENDÊNCIAS/DEBATES
Folha de S. Paulo, 16/08/2012
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A greve universitária e o princípio do prazer

Ao deixar de suprimir o salário de professor grevista, o governo age como um pai  relapso que não dá limites ao filho, que com “birra” seguirá testando limites.
Freud, entre as inúmeras contribuições que constituiriam a teoria psicanalítica,   propôs este revelador fenômeno que consiste na transição sofrida pela criança: a passagem do princípio do prazer para o princípio da realidade.

Durante aquela fase inicial, a criança vê o seu mundo como um aparelho cuja única   função é satisfazer seus desejos. Não há limites. O agente, o instrumento desse domínio,   é a mãe.

O início da transição para atuação sob o princípio da realidade -ou seja, para a  maturidade- ocorre quando limites começam a ser impostos aos desejos da criança.

Este papel é responsabilidade principalmente do pai, pois a mãe, acostumada a satisfazer os desejos da criança, é menos capaz de impor limites a ela.

Portanto, para que a criança amadureça e se torne um cidadão saudável, é absolutamente necessário que o pai exerça a sua obrigação.

É claro que é desejável que a transição entre os princípios do prazer e da realidade se faça suavemente, tornando a passagem tolerável. Eis porque a intermediação pela mãe é desejável.

A proposta do executivo federal para o ensino superior é não apenas generosa. Ela é também extremamente inteligente, pois concilia os valores acadêmicos com os interesses individuais.

Oferece salários competitivos, equivalentes, talvez até superiores, àqueles típicos de universidades europeias. Estimula o aumento da competência acadêmica ao privilegiar o tempo integral e a titulação. Além do mais, como também acontece com as universidades do mundo desenvolvido, salários de professores ainda podem ser complementados pelo CNPq com relativa facilidade para aqueles que realizam pesquisas com alguma seriedade.

Olhando, por outro lado, o estímulo representado pelo aumento, que seria de 25% a 40% (que, descontando uma inflação prevista de 15% para os próximos três anos,   resultaria aumento de 25% para fins de carreira, 15% para posições intermediárias e 10% para iniciantes), não deixa de ser elogiável o esforço.

Embora Freud não tivesse se preocupado, em sua análise dos princípios do prazer e da realidade, com excessos de comportamento da criança, é hoje consenso que ela procurará, para encontrar seus próprios limites de atuação, infringir regras, abusar de seus direitos. Para isso, desafia os progenitores. Se eles não exercem as suas obrigações, o caos advém.

E agora, tomando como paradigma a descoberta do saudoso Stephen J. Gould de que “a filogenia imita a ontogenia”, assumindo que a evolução do comportamento social imita a da psicológica, podemos concluir que a comunidade acadêmica ainda opera de acordo com o princípio do prazer.

O amortizador natural para excessos grevistas é a supressão de salários. Sem este dispositivo, a greve perde sua legitimidade e grevistas se destituem de autoestima, como   crianças de pais ausentes, alienados.

A greve deixa de ser um ato respeitável, por vezes heroico, para se tornar um acontecimento prosaico. Pretender, todavia, que reitores, promanados que são do   corporativismo interno das universidades, venham a exercer sua inequívoca responsabilidade seria de grande ingenuidade, embora não haja dúvidas de que grevistas
estão apenas testando seus limites, como as crianças que fazem “birra”.

Como propõe a moderna pedagogia, palmadas não são adequadas. O único aliado que tem o Executivo é, portanto, a consciência do cidadão, que percebe o mal que está fazendo para a sociedade e para si mesmo com o próprio comportamento insólito e injustificável.

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ROGÉRIO CEZAR DE CERQUEIRA LEITE, 80,  físico, é professor emérito da Unicamp, pesquisador emérito do CNPq e membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia e do Conselho Editorial da Folha

7 Respostas to “623 – Um carrasco nada augusto”

  1. José Tavares-Neto Says:

    Prezado Amigo do Saci,

    Com a expressão “deu no jornal …”, é mostrado qual lado de uns e também face, corpo e todo restante do ser dessa gente PELEGA.

    Saudações acadêmicas bicentenárias,

    José Tavares-Neto

  2. Francisco Santana Says:

    Não é a primeira vez que ele renega o seu passado.

    Na época da ocupação da Reitoria ele sse colocou a favor da repressão pela PF criminalizando os estudantes. A frase que ele usou eu adaptei a uma hipotética fala do Gal. Garrastazú Médice. Vejam o meu artigo:

    A INVASÃO DA REITORIA E A GUERRILHA DO ARAGUAIA.

    Os melhores capatazes e capitães do mato dos escravocratas foram os escravos libertos ou renegados. Os piores inimigos dos índios da América do norte, não eram os soldados da cavalaria americana, mas os índios renegados. Apesar dos seus valorosos serviços prestados, esses renegados jamais foram respeitados por seus novos senhores, foram apenas usados, humilhados e descartados posteriormente, além de esquecidos pela história.

    Portanto era natural, que o movimento de direitização em curso na UFBA, tivesse a participação fundamental de esquerdistas ou comunistas renegados.

    Há muito, um punhado de jovens, oriundo em sua maioria da esquerda universitária, embrenharam-se pela floresta brasileira para implantar uma guerrilha camponesa contra o regime sócio-político instalado pelo golpe de 64.

    Esse minúsculo grupo de guerrilheiros, não representava nem um milionésimo do povo brasileiro, nem qualquer cifra significativa dos camponeses brasileiros, ou dos operários brasileiros, ou de estudantes, intelectuais, ou seja lá de que categoria social fosse. Não tinham respaldo da CONTAG, ou qualquer FETAG ou sindicato rural, urbano, ou entidade estudantil, ou seja lá o que for. Devem ter tido alguma ajuda de algum órgão ou partido de fora do Brasil (talvez até em armas), ligado provavelmente à China ou Albânia, o que seria muito pior do que os ocupantes da Reitoria receber um prato de comida dos professores da UNEB, para aqueles que acham isso um crime.

    Entretanto, pode-se até acusar os guerrilheiros do Araguaia de erro de avaliação política, mas jamais se pode deixar de enaltecê-los pela abnegação, pelo espírito de patriotismo, pelo idealismo praticante e, sobretudo pela coragem.

    Podemos imaginar como deve ter sido a ordem do dia lida nos quartéis naquela época. Mesmo que com palavras totalmente diferentes, na essência não deve ter sido diferente disso:

    INTOLERÂNCIA DE SUBVERSIVOS SECTÁRIOS NÃO IMPEDIRÁ A NAÇÃO DE APROVAR O PROJETO DE AUMENTO DE INVESTIMENTOS E DE REESTRUTURAÇÃO DA POLÍTICA ECONÔMICA DO BRASIL
    Gal. Emílio Garrastazu Médice

    (Comparem com a declaração de João Augusto sobre os estudantes que invadiram a Reitoria)

    Apesar da xenofobia dos truculentos defensores da ordem daquela época, alguns dos oficiais que reprimiram a guerrilha, fizeram posteriores declarações reconhecendo a bravura e o idealismo dos guerrilheiros. Ou seja, esses limitados repressores, por uma formação estreita direcionada para a guerra e a morte, e por uma ideologia xenófoba, foram capazes de distinguir naqueles seus inimigos irreconciliáveis, seres humanos com algumas virtudes, apesar de se acharem com o dever de matá-los por força de ofício.

    Fico, portanto pasmo com as declarações de certos professores na avaliação dos últimos acontecimentos da UFBA. Os guardiães atuais da “ordem universitária”, que deveriam ser os exemplos de uma formação humanística e universal, conseguem ir mais além do que alguns membros da guarda pretoriana da ditadura militar. Além de caracterizar (ridiculamente) um grupo de estudantes idealistas como agentes de uma conspiração maquiavélica e subversiva do ANDES (da URSS na época dos militares) tentam desqualificar esses estudantes até o último grau de existência como estudantes universitários, tentando-lhes retirar até a alma de jovem estudante. É a conseqüência natural de serem também vítimas de um processo de auto desqualificação como professores universitários.

    Esses professores deveriam fazer uma retrospectiva histórica da UFBA e se inspirarem nos reitores (vide Edgard Santos e Felipe Serpa) e professores que enfrentaram invasões piores do que essa com espírito universitário e em nenhum momento consideraram a sua autoridade maculada. Aprenderiam com eles a serem menos mesquinhos e medíocres.

    Aliás, muitos dos professores que se horrorizam hoje com essa ocupação, participaram de uma ocupação da Reitoria para impedir a posse de um Reitor, que foi eleito num processo legitimado por regras que foram elaboradas (burramente por sinal) por esses mesmos professores.

    A Escola Politécnica, onde eu me formei, foi pródiga em exemplos dessa relação entre professores conservadores e estudantes rebeldes. Um ou alguns estudantes sorrateiramente e na calada da noite, roubaram o busto de Juracy Magalhães que ornamentava o salão nobre da Congregação da Escola. Deve ter havido na direção da escola um momento de desejo de revanche talvez até algumas ameaças, não me recordo de tudo, mas no final a Congregação determinou que fosse cinzelado outro busto e colocou uma lápide no assunto, até para não dar aos subversivos o gosto de criarem uma crise sem solução pacífica ou não traumática. Houve até episódios hilários patrocinados pelos próprios professores conservadores. O catedrático Pedro Tavares falou na sala de aula mais ou menos assim:

    “Olha, não queremos saber quem roubou o busto. Eu faço a seguinte proposta: o autor, leva no fim da noite o busto e coloca na porta de minha casa, buzina e eu espero cinco minutos para pegar. Aliás, mudei de idéia, lá em casa não tem ninguém precisando de busto não, leva para a casa da Professora Lolita”.

    Risos generalizados. A Professora Lolita era magérrima e carecia realmente desse atributo feminino.

    Poderíamos citar outros exemplos, como a falsificação da assinatura do diretor da escola para requisitar balões meteorológicos e com eles simular uma invasão de discos voadores à noite aterrorizando a população, etc.

    Um aluno dos maristas, quebrou os faróis do carro do Prof. Trípoli Gaudenzi (ou outro tipo de dano), pois pensou (erradamente) que tinha acabado de ser reprovado na oral de química. A direção dos Maristas expulsou o aluno. Trípoli era catedrático de Medicina e ensinava nos Maristas como uma retribuição a seus ex-mestres. Assim que ele soube, dirigiu-se furioso aos Maristas e exigiu a reintegração do aluno sob pena de ele não ensinar mais lá.

    Essa era a diferença dos antigos professores conservadores da atual “direita universitária”. Eles poderiam punir, repreender e até ameaçar, mas jamais, como regra geral, chegar a um rompimento definitivo. No fundo eles tinham orgulho da existência desses alunos rebeldes, pois sentiam que fazia parte da formação do futuro cidadão. Eles aceitavam como direito do jovem, a rebeldia, a irreverência e até a irresponsabilidade. O próprio professor Tavares declarou certa vez: “Sabe o que eu invejo em vocês? Não é nada disso que vocês estão pensando. É a falta de responsabilidade.”

    É claro que havia exceções e violentas, mas não era a regra geral. O que mete medo agora, é que essa posição xenófoba e ridícula abrange a maioria absoluta do Conselho Universitário, a totalidade da direção da APUB, comandadas por um Reitor politicamente esperto e assessorada pela esquerda renegada.

    Se os conservadores de ontem admitiam dialeticamente, a convivência da subversão com a autoridade, a disciplina com a rebeldia, etc., a esquerda renegada esqueceu-se da dialética. E não podem alegar que os guerrilheiros de ontem combateram a ditadura e que hoje existe uma democracia. Ou também a esquerda renegada esqueceu que ontem elas pregavam que uma ditadura econômica pode ser muito mais subjugadora e opressora, que uma ditadura militar? Além disso, para a maioria absoluta do povo, não existia a ditadura, só para o cidadão consciente. Se Garrastazu Médici fosse candidato se elegeria com 90% dos votos; era muito mais popular do que Lula e sem o auxílio de um Duda Mendonça e ibopes falsos e investindo menos em publicidade. Jamais Garrastazu tomaria uma vaia daquela no Maracanã. A comunidade internacional reconhecia o Brasil como país democrático, pois havia eleições “livres” para o parlamento; se o chefe de governo era eleito indiretamente, isso também acontecia na Europa parlamentarista; o bipartidarismo existia nos EUA. A diferença estava em que se alguém tentasse avançar além dos limites permitidos, os pitbulls de prontidão eram soltos imediatamente. É o que a Reitoria quer fazer com os estudantes, lhes impor limites de ação e contam com o Conselho e a APUB no papel de pitbulls.

    Mas se algum ex-guerrilheiro quiser polemizar sobre isso, eu cito outro exemplo de guerrilha urbana em plena aurora da redemocratização brasileira. Quando o ex-prefeito Mário Kertz aumentou o preço da passagem de ônibus, pequenos grupos com pedras, surgidos de diversos cantos transformaram o transporte urbano em um caos. A população baiana que dependia desse transporte ficou com seu direito de ir e vir, parcialmente ou totalmente negado. A ausência hoje de vidro traseiro nos ônibus (e oportunamente usada para propaganda) foi uma seqüela daquela época. Quem liderou e incentivou o movimento? Dois vereadores do PCdoB assumiram os bônus e um deles saltou de vereador para deputado federal na eleição seguinte. E nem por isso o direitista Mário Kertz baixou ao nível da xenofobia da direita da UFBA. Recuou e desistiu do aumento. Não tem muitos anos que os estudantes pararam o trânsito (dessa vez sem pedras), sem apoio de suas entidades e foram vitoriosos (Imbassay recuou).

    Esse é um quadro que vem se repetindo: movimentos espontâneos, rompendo o silêncio e a omissão de suas lideranças cooptadas (pelegas). O país está caminhando para um beco sem saída, cujas conseqüências são imprevisíveis, pela omissão de seus cidadãos e pela desesperança. Movimentos como esses dos estudantes não são motivos de preocupação, mas a ausência deles sim. São como a flor do deserto, deserto político construído pela direita da UFBA sob a liderança da APUB; são como a flor do pântano onde estão sendo afundados a UFBA e o país.

    Torçamos para que esse movimento não seja o último canto do cisne.

  3. O Saci-Pererê Says:

    Circulou na”debates-l”:

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    Prezado Menandro,

    O anseio humano quase que universal de estabilidade e certeza quando postos a prova gera ansiedade. Ao deflagrar uma greve precisamos anteriormente identificar o que podemos ganhar ou perder com ela. Neste sentido, como decente da UFBA, compartilho da opinião do Prof. Rogério Leite, sendo favorável ao corte dos salários, afinal as perdas para a sociedade estão sendo muito maiores do que os ganhos.
    Embora, as razões para a greve sejam perfeitamente justificáveis, sua condução no cenário nacional tem sido desastrosa. O que esperar de uma categoria que possui múltiplos sindicatos com objetivos distintos. Assim, todo esforço engendrado pelo Comando de Greve Loc al (o qual parabenizo pelos esforços) podem se mostrar infrutíferos, sobretudo, pelo atual cenário macro-econômico desafiador e mais de três dezenas de categorias de funcionários públicos paralisados.

    Augusto Minervino Netto

    • Menandro Ramos Says:

      Prezado Prof. Minervino e demais Colegas,

      Dialogar é sempre bom. Embora tenha todo respeito pela sua opinião, quero fazer umas poucas observações:

      1. Sem tirar o mérito do eminente cientista, o argumento de autoridade é péssimo para o desenvolvimento da crítica e da Ciência. Cientistas, filósofos, intelectuais são humanos e, permanentemente, se equivocam. O notável filósofo alemão Martin Heidegger inscreveu-se no Partido Nazista e chegou a ser reitor na Universidade de Freiburg, nomeado pelo füher de bigodinho… Mais tarde, percebeu a mancada que deu. Desse modo o “magister dixt” não combina com Universidade.

      2. A Educação é muito importante para a Humanidade, mas não é a única ferramenta que existe. Seria ingenuidade acreditar que o professor, munido de giz ou caneta laser, vai salvar a lavoura brasileira.

      3. O STF está totalmente “parado” pela Ação Penal 470, vulgo mensalão. O julgamento dos mensaleiros durará semanas. Muitos e muitos processos vão ficar nas prateleiras da Justiça, até que o nó, atado por políticos do partido do governo e coligados, seja desatado. Imagine se quiséssemos “perdoar” os mensaleiros, alegando que outros processos importantes precisam ser julgados, já pensou? Sabe-se que os doutos juízes não estão fazendo greve. Ainda assim o STF está literalmente “parado”. Esse “parado” significa, dialeticamente, “estar em movimento”.

      4. Uma analogia semelhante pode ser utilizada: os trabalhadores das IFES estão parados para fazer a Educação Superior brasileira andar.

      Assim, Prof. Minervino, a greve é mais um instrumento criado pelo trabalhador para fazer a sociedade funcionar de forma menos injusta e melhor. Greve traz prejuízo? Traz, sim! Infelizmente. Diz-se que a greve é o direito legal de prejudicar alguém. Nunca vi nenhum colega dizer que gosta de greve. No caso dos professores, também somos prejudicados, mesmo com os salários não sendo cortados – parece que, discretamente, o colendo Prof. João Augusto Rocha está torcendo para que isso aconteça, rancoroso que está com as Assembleias dos Docentes da UFBA -, ainda assim, nossas programações de férias, do nosso repouso merecido, vão para o espaço sem avião…

      Na verdade alguns docentes fura-greves tiraram férias, sim, e até zombaram dos que se acotovelavam no desconforto das Assembleias, mas de um modo geral, muitos tiveram suas férias abduzidas pela greve. Portanto, além de trazer transtorno para os alunos e suas famílias, a greve também traz par os professores – e o senhor, como docente, sabe muito bem disso -, muitas perdas.

      Quando o governo alega não ter de onde tirar mais dinheiro, sabe-se que não é bem assim, ou que isso faz parte da choradeira do “patrão”. Dinheiro não falta para a construção de estádios milionários e de outros empreendimentos que visam apenas beneficiar os financiadores das campanhas presidenciais… Seria tolo dizer que algumas migalhas não caem na mesa do povão, mas seria tolo também desconhecer que o benefício maior é canalizado para o grande capital. Será que o senhor discorda disso?

  4. O Saci-Pererê Says:

    Circulou na “debates-l:
    ————————

    “Caro Augusto,

    Só quero te lembrar que dinheiro é o que não falta neste país. O que falta é vergonha. Para sua informação: no início deste ano, Dona Dilma cortou 1,9 bi do já raquitico orçamento para a Educação, contrariando o seu discurso de campanha que está circulando na Internet. Quando o aumento é para Deputados e Senadores, é dado imediatamente. Para nós
    sempre é dada a desculpa que não foi planejado no Orçamento…

    Até há pouco a “crise” era uma marolinha… Agora é um Tsunami… Alguem está mentindo ou mentiu antes! Pelo a grana que está sendo gasta me parece que alguem está mentindo agora.

    Pessoalmente podemos conversar mais longamente, Ok?

    Um abraço,

    Osmário

  5. Washington Bacelar Says:

    Caro Menandro
    É admirável vosso esforço pelo debate – ainda que pelo ciberespaço. Acredito que este esforço tem produzido frutos e nos ajuda no acompanhamento das deliberações da classe, e abradeço por todas orientações que seu amigo do gorro vermelho partilha conosco… e que hajam pulos e pulso cada vez mais criativos para ele!!!
    forte abraço

  6. Itamar Ferreira Says:

    Caro Menandro, o Prof. Rogério Cerqueira César se dá melhor quando escreve sobre formigas!
    Itamar

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