539 – Caetité saqueada

Para o Saci, continuam abertas as veias da América Latina... Da mesma forma que a ganância de poucos e a cumplicidade dos dirigentes, também continuam usando o "progresso" como escudo...

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O que é “progresso”?

Cargas e mais cargas vão deixando Caetité. Ferro, minérios diversos, pedras preciosas, urânio. Para onde vai isso tudo e quem de tudo isso se beneficiará? A população caetiteense? A população baiana? O povo brasileiro? Da mesma forma que os moradores do continente africano se beneficiaram do ouro e do diamante extrtaídos das entranhas de suas terras?

Não tive como deixar de pensar no que fizeram e ainda fazem com a África e seus filhos: tão rica outrora e tão necessitada agora. Eu acabara de receber um e-mail de uma conterrânea, em que ela me falava, por alto, sobre as aflições da população:

[…] Ontem em Caetité houve  uma audência pública e muito vexame […] O bem comum, que é a água, está escassa e a zona urbana cobra a sua falta. E a EMBASA já sabe disso. A questão ambiental não tem o menor espaço na agenda dos governantes. Só engodo. Puro faz-de-conta. O capital cunhou, de forma astuciosa, os termos “progresso” e “sustentabilidade”. E em cima deles deita e rola […] E a terra vai sendo exaurida. E os governos são cúmplices ou, quem sabe, sócios do capital predatório. Alguém sabe o que exigem em troca da tal licença ambiental?  […]   O Povo de Caetité, tanto o do campo quanto o da cidade, hoje sofre, e não vai parar por ai o mal-estar, pois sabemos que a bomba ainda está por vir. Se puder escrever algo, ficaria grata, pois enviaremos para as redes de lá, e de mais onde for possível. Temos que fazer algo. Não podemos cruzar os braços […]

Após a leitura indignada da mensagem, palavra por palavra, parágrafo por parágrafo, a pergunta que não quer calar.

Até quando assistiremos a essa sangria desatada de braços cruzados?

É nisso que constitui o “progresso”, Sr. Governador?

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Menandro Ramos
Caetiteense há quase 60 anos!

Para o Saci, todos são legais, muito legais, mas seu cachimbo desapareceu misteriosamente... (Clique na arte para visualizá-la melhor).

7 Respostas to “539 – Caetité saqueada”

  1. altino Says:

    BOM DIA MENA!!
    estamos convidando o secretario do Meio Ambiente, deputado federal e o presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa para participarem da mesa Estado, Sociedade e Meio no dia 5 de junho – Dia Mundial do Meio Ambiente, no auditório da reitoria, para discutirmos os descalabros e a degradação do ser humana e da natureza oficializada e chancelada na Bahia, Brasil e mundo. saudações, altino

  2. altino Says:

    Em tempo: da programaçao da semana do Meio Ambiente que está sendo organizada consta debates e filmes sobre a questão nuclear, a exploração do urânio em Caetité e sobre os agrotóxicos.
    saudações, altino

  3. Menandro Ramos Says:

    Ótima iniciativa, Altino.

    Talvez fosse o caso de convidar, também, os participantes do Movimento Paulo Jackson que vêm desenvolvendo um grande trabalho em defesa das Águas como patrimônio da humanidade, bem como em defesa dos moradores da região do Urânio – Caetité, Lagoa Real e do seu entorno.

    Abraços.

  4. AGSpínola Says:

    Pois é meu caro Menandro, o que estão fazendo em Caetité, é o mesmo que fizeram em Boquira(mina de chumbo), em Sto. Amaro, levaram as tais “comodites” e ficou o vazio no sub-solo, a miséria, e o passivo de danos a população e ao ambiente. Como propõe Altino, vamos trazer os sindicalistas que comadam o Estado, para discutir pq continuamos nesta lógica perversa, Ademário

  5. Ana Soraya Vilasboas Bomfim Says:

    O “Progresso” para quem ? Gente amiga acorda! Somos grata a Profo. e ao Saci em nos presentear com sua reflexão. Aprovetiamos e vamos todos e todas refletir, como ficar sem água, bem comum, que sustenta a vida da terra, o sr humano, pois da terra vem o alimento.
    Não deixem que te façam pensr que exite desastre natural, pois quando o homem e a mulher lança a mão na terra para produção, em favor da sua sobrevivência o que era natural se trasnformou. Então, vamos imaginar quando os propritários lançam seu produtos, suas máquinas, e a força de trabalho para dar conta de trasnformar, ter uma mercadoria; vendê-la; lucrar a degradação começa. E quem permite licença ambinetal sem pensar no coletivo, nos recursos naturais que são finitos e necessário a sobrevivência, são “os donos do poder”, que visam tão somente a ganância.
    É estupido, perdão pela palavra chula, mas é falta de inteligência agora em ano de politica, querer sacrificar trabalhadores, querem encontrar culpados, mas se não pensarmos coletivamente o MODO DE VIDA que se tem hoje, do acumular perde-se valores: solidariedade, dignidade, cáratér.
    Antes de mais nada a comunidade precisa encarar os governantes, de Estado e de Município. E agora gente que recebe salário e impostos e estão no poder em Caetité, porque não se vem pensando antes sobre a questão da água para beber, para viver!
    A falta de água já faz tempo, os mananciais, as fontes estão secando, lembro da minha infância a passagem da pedra, alguém se lembra? Como isso tudo vem ocorrendo!?
    O que fazer? Não é momento de encontrar bode expiatório, ninguém é criança aqui, isto é ausência de políticas de primeira ordem, o que vemos é uma negação de direitos, não existe por parte do povo da cidade, penso, um controle social. Povo da cidade e do campo, este é um momento de UNIÃO, de reflexão crítica, vamos ser práticos em ação do agora, mas é preciso UMA CONSTRUÇÃO DE UMA ORGANIZAÇÃO de combate permanente para que nosso povo se fortaleça diante das transfromações. Que as transformações venham para o nosso bom viver, para todos e todas e não para poucos.
    Amigos e Amigas de Caetité Indiginai-vos! Sejam solidário!
    Soraya Bomfim

  6. Florival José Bomfim Junior Says:

    Cidadãos da nossa Caetité necessário se faz construir uma reflexão em torno de que sociedade queremos e a quem a seca e a política do clientelismo interessa. Esta faz parte da nossa história ou é um acontecimento moderno, atual, pontual, produzido por um ato de gestão?

    Qual a prioridade do desenvolvimento da cidade de Caetité e das varias outras do nosso sertão? Existe uma politica voltada para os movimentos socias, em beneficio da coletividade, verdadeiramente participativa ou uma organização política excludente que somente procura beneficiar as elites e o velho e novo capital?

    Diante da crise d’agua e da natureza, pensamos que temos como elemento fundante e de responsabilidade basilar a sociedade do capital, do instituto privado, com a sua política de mercado e de consumo.Uma Construção liberal, neoliberal, voltada para o ter, ou parecer ter, do mercado, para o lucro e para a ganância, satisfazendo grupos politicos liberais, formalmente democraticos, de interesse arcaico individual.

    O povo, os produtores da riqueza material e cultural,secularmente, considerando a seca, as vidas secas, sentem o chuvisco das águas, quando sentem, nao sao representados, nao vivem a democracia substancial, nao participam do processo politico de poder. Na realidade concreta da sociedade capitalista nao sao parte do interesse deste modelo, são elementos da produção a serem explorados, expropriados, modo egoista,são conduzidos pelas estruturas de controle social, a ficarem longe das riquesas que produzem. Alienados pela proposta posta estão e deverão ficar, não importa a dor, não importa a degradação, não importa o natural humano nem o humano natural. Neste sistema águas e homens são mercadorias.

    Necessário e prementes as comunidade organizada nas verdadeiras organizacoes sociais se rebelarem, radicalizar, impor a luta de classe,.somente assim daremos um largo passo para a construção de um novo modelo, considerando o interesse da classe produtora, da coletividade, dos povos da cidade e do campo.

    Neste momento de crises, e sempre, nas águas da solidariedade e nos ventos libertos do observatório, devemos dar um chega na liberal estrutura do superficial diálogo, do desenvolver para poucos excluindo os muitos.

    Nós trabalhadores, operários no seu mais lato significado, temos que em torno de uma sociedade verdadeiramente justa e igual, unirmos.

    Florival Bomfim, cidadão amante de sua terra Caetité!

  7. Claudio Mascarenhas Says:

    1) A AMERICA LATINA CONTINUA COM AS VEIAS ABERTAS – Eduardo Galeno, mostrou isso, 40 anos depois, no ano passado, no prefacio da edição atual. Ele inclui muito bem, o Brasil, nisso. Vale a pena ler e reler.

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