667 – Porque o Saci ficou fã do Prof. Dante Lucchesi

Numa exaustiva investigação fisionômico-imagética, o Saci imaginou como seria o semblante do físico Einstein, se ele fosse da ala nobre dos pesquisadores da UFBA…

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Menandro Ramos
Prof. da FACED/UFBA

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ão falo isso na vista do Saci, para ele não ficar mais metido do que é, mas sempre o achei com uma capacidade enorme de fazer análises dos enunciados humanos. E isso sem nunca ter lido Dominique Maingueneau, Michel Pêcheux, Eni Orlandi e outros que tais. Tudo intuitivamente. Dessa vez ele analisou e se encantou com a erudição do colendo Prof. Dante Lucchesi, que de forma amável e generosa se dignou a dialogar com esse que vos escreve. Confesso que eu também me tornei fã do competente apoiador da Chapa 1. Só não acompanho o seu voto por uma questão ideológica. Ainda que considerando a sua ideologia infinitamente superior à que carrego comigo…

Acompanhe, leitor(a), parágrafo por parágrafo a análise sacizesca abaixo. Em sépia, é o que escreveu o douto docente. Em preto, são as considerações do pilantrinha de gorro vermelho e pito.

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Em minha primeira mensagem, aproveitei a nonada de um erro de ortografia para, à maneira de uma metáfora, chamar a atenção para os riscos e prejuízos decorrentes de se menosprezar o mérito e a qualificação na vida acadêmica.

Que competência retórica, chefia! Puxa vida! Que forma angelical e elegante o douto titular, como você diz, começa a preparar terreno para lhe descer a ripa. Assim, ‘cê nem sente a pancada! Eficiência eu vi aí.  Além do mais, sua engenhosa erudição, saca que a substituição de “ninharia” por “nonada” convence deveras. Pensando bem, “nonada” impressiona muito, mas muito mais. “Ninharia” é um termo chinfrin, banal, desgastado demais para o sacrossanto templo acadêmico. Referir-se a “metáfora” também valorizou o parágrafo. Está lembrado como o protagonista de “O carteiro e o poeta” explorou as metáforas? Ah! As metáforas! Foi bem colocado, da mesma forma, que está preocupado com “os riscos e prejuízos decorrentes de se menosprezar o mérito e a qualificação na vida acadêmica.” A ideia que passa para o público é que esse douto e devotado guardião dos valores acadêmicos não dorme para vigiá-los. Nunca se sabe quando os ataques vão ocorrer. Existe um complô para destruí-los e isso exige uma eterna vigilância. Não há outra coisa a fazer senão vigiar e punir. Daí a oportuna intervenção do douto para exemplar o infrator, que nesse caso é você, chefia. É desagradável? É, mas alguém tem de preservar os valores acadêmicos. A intenção,entretanto, é a melhor possível.

Não tive a menor intenção de desmerecer sua pessoa, nem muito menos desqualificar sua mensagem, cujo tom inquisitorial, por si só, já o fazia.

Claro que não houve segundas ou terceiras intenções. Tudo se pautou pela necessidade de orientar um néscio para o verdadeiro caminho. Aliás, esse é o papel do sábio. A sua nobreza o impede de ser rude com o outro. A rudeza é própria das classes subalternas que destilam o seu ódio contra tudo e contra todas. Freud explica. De forma inquisitorial é como essa classe sempre se manifesta. E foi assim que você se manifestou, chefia. Portanto, nada mais do que justificada a intervenção do douto em Língua Portuguesa. O propósito do grande guru  foi tão-somente cortar o mal pela raiz.

Mais do que a defesa da Chapa 1 ou da Chapa 2, pelo menos para mim, o que sempre esteve em confronto neste debate, de uma forma subliminar e indireta, mas nem por isso pouco ilustrativa, foram duas concepções antagônicas e inconciliáveis de universidade e práxis acadêmica.

Aqui, a capacidade de interpretação da realidade se manifesta com grande precisão no experiente titular de Língua Portuguesa. Embora a leitura que o douto faz seja a única correta e possível, é sempre bom um pouco de modéstia. Denota generosidade para com o outro. A ressalva “pelo menos para mim”, portanto, cai como uma luva. Conversar com quem sabe é descanso para a língua.

Menor foi a compreensão de alguns que viram aqui a oportunidade de participar de um torneio de revisão de texto; o que não cabe, nem me interessa ou atrai.

Ou seja: quem são os que acodem o meu pobre e ignaro amigo? De que lugar falam? Acaso passaram por Coimbra, Lisboa, Bolonha, Paris IV, Oxford, Harvard? Se não passaram, querem apenas a exibição barata, oportunista. É a ignorância que dá a ousadia ao bruto. Bem próprio das classes subalternas. Nonadas não podem atrair as mentes superiores.

E como, as duas posições, a minha e a sua, já estão devidamente esclarecidas, encerro minha participação nesta contenda e retiro-me para as aulas e a atividade de pesquisa, dando-lhe a oportunidade da última palavra.

Em outras palavras ele quer dizer “Agora que o coloquei no seu devido lugar, vil inseto, vou para o Olimpo, de onde os doutos só saem porque são generosos. Após o nobre gesto, as aulas magnas são retomadas e as profuuuuuuuundas pesquisas nas entranhas complexas do mundo seguem seu curso normal, com características desbravadoras e pioneiras. Ah! Como eu sou o máximo! Tanto assim é que, num rasgo de generosidade, de forma magnânima, qual os monarcas magnânimos dos Contos de Fada, eu lhe concedo a oportunidade de dizer a última palavra. Magnanimamente, viu? E você, verme, passa a me dever essa”.

Até porque, ao contrário do senhor, tenho o currículo Lattes atualizado e sou pesquisador 1-C do CNPq, de modo que prefiro envidar meus melhores esforços para fazer jus ao salário e a bolsa de Produtividade em Pesquisa que percebo do Estado Brasileiro, exercendo as funções de professor de Língua Portuguesa e sociolinguista, não de maneira infalível, mas com dedicação e responsabilidade.

Você sabe o que significa ser pesquisador 1-C do CNPq, chefia? Com certeza não sabe. Procure se informar melhor, amigo. Em outras palavras, ele tentou dizer  “Isso me dá o direito de participar de bancas hexaqualificadas, de coordenar projetos bilionários, de ter meus papers publicados até em aramaico, javanês e coisa e tal”. Ao fazer o seu marketing pessoal é como se ele quisesse dizer também: “Aguarde mais um pouco e me verá sendo entrevistado pela moça do Fantástico, falando com intimidade com Jô Soares, tomando café com Ana Maria Braga, no ‘Roda Viva’, na ‘Superinteressante’, na ‘Galileu’, na ‘Nature’, na ‘Science Magazine’ na ‘Sciences Humaine’, na ‘Science & Vie’, e por aí vai”. A modéstia me impede, dirá ele,  “de enaltecer as minhas qualidades intelectuais, bem como de falar do meu status alcançado enquanto acadêmico”. Nessa linha, continua, “Também, pudera! Ao contrário de você, eu sou dedicadíssimo e tenho muitas responsabilidades com o meu país. Muito mais meu do que seu. Para finalizar, chefe, o douto sacou com muita agilidade mental que podia pegar mal ele próprio dizer que se vê como um super-heroi. Impressiona muito mais que ele diga “não sou infalível”. Mas no fundo, no fundo, ele sabe que é exatamente o contrário de Fernando Pessoa, pois nunca nunca levou uma porrada e sempre foi campeão em tudo. Modestamente. Quem duvidar, que confira a adorável vitrine reluzente do Lattes do dito cujo.

Uma resposta to “667 – Porque o Saci ficou fã do Prof. Dante Lucchesi”

  1. Menandro Ramos Says:

    Eu tive a felicidade de grafar uma palavra de forma incorreta.
    A partir daí, o colendo Prof. Dante Lucchesi, que não me lembro ter antes participado da lista “debates-l”, nos honrou com a sua sapiência. Parece que ele ficou um tanto irritado por eu ter indagado “Quem é o vice-presidente da Chapa 1”.

    Depois disso, ele produziu memoráveis peças de pura erudição.

    Bendito erro!

    Atenciosamente,
    Menandro Ramos
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    Professor Ramos
    Em minha primeira mensagem, aproveitei a nonada de um erro de ortografia para, à maneira de uma metáfora, chamar a atenção para os riscos e prejuízos decorrentes de se menosprezar o mérito e a qualificação na vida acadêmica. Não tive a menor intenção de desmerecer sua pessoa, nem muito menos desqualificar sua mensagem, cujo tom inquisitorial, por si só, já o fazia. Mais do que a defesa da Chapa 1 ou da Chapa 2, pelo menos para mim, o que sempre esteve em confronto neste debate, de uma forma subliminar e indireta, mas nem por isso pouco ilustrativa, foram duas concepções antagônicas e inconciliáveis de universidade e práxis acadêmica. Menor foi a compreensão de alguns que viram aqui a oportunidade de participar de um torneio de revisão de texto; o que não cabe, nem me interessa ou atrai. E como, as duas posições, a minha e a sua, já estão devidamente esclarecidas, encerro minha participação nesta contenda e retiro-me para as aulas e a atividade de pesquisa, dando-lhe a oportunidade da última palavra. Até porque, ao contrário do senhor, tenho o currículo Lattes atualizado e sou pesquisador 1-C do CNPq, de modo que prefiro envidar meus melhores esforços para fazer jus ao salário e a bolsa de Produtividade em Pesquisa que percebo do Estado Brasileiro, exercendo as funções de professor de Língua Portuguesa e sociolinguista, não de maneira infalível, mas com dedicação e responsabilidade.

    Definitivamente
    Dante Lucchesi
    Professor Titular de Língua Portuguesa
    Pesquisador 1-C do CNPq
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    Car@s,
    De grão em grão, o chará do autor da Divina Comédia vai conhecendo o inferno da contradição. “Logo, logo o Saci vai se candidatar a escrever a “Divina Piada”…
    Para um douto, são muitos pecadinhos formais, não?
    At.
    Menandro
    —————————————–
    Estado, pelo menos aquele que me paga, grafa-se com “E” maiúsculo…
    Se bem que ele anda tão gasoso que está mais para “estado” mesmo….
    Igor Ramos
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    Assim fica melhor, Sapientíssimo Mestre!
    Está chegando onde eu suspeitava que chegaria. Mais cedo ou mais tarde. Ninguém chuta um cachorro morto!…
    Tudo isso tem o lado bom para o ínclito filólogo. Sem a provocação, quem poderia suportar viver sem tamanha erudição?
    Estou deveras encantado.
    Pode continuar com as belíssimas lições de lógica. De preferência, na língua de Cícero!
    Mui atenciosamente,
    Menandro

    Professor Ramos
    De fato, um erro de ortografia é algo de somenos importância. O que me incomoda mesmo é ver um discurso demagógico, populista e autoritário (que não hesita em lançar mão da falácia do argumentum ad hominem) tentar solapar o mérito, a qualificação e a produtividade, tão necessários para que a universidade pública cumpra sua função social – aquela pela qual o estado paga os nossos salários, mas que é ignorada por aqueles que acham que os recursos da universidade pública devem ser carreados para os interesses corporativistas de professores e funcionários.
    Saudações Universitárias
    Dante Lucchesi

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    Sapientíssimo Prof. Lucchesi,
    O inferno são os outros. Julguei que os doutos nem mecanicamente erravam…
    Lamento desapontá-lo, mas o que o Sr. insiste que é desconhecimento, talvez para tirar o foco do vice da Chapa 1, eu teimo que foi distração. Provo-o disponibilizando o endereço em que o mesmo termo foi usado por mim.
    Confira:

    Pernas pra que eu te quero!


    Se não for muito incômodo, entretanto, gostaria de saber do preclaro Titular em Língua Portuguesa o motivo pelo qual, só quando mencionei o meu desconhecimento sobre o candidato a vice-presidente da Chapa 1, de repente, não mais que de repente, foi despertado o dragão que dormia tão placidamente… O que o melindrou tanto? Agora, fiquei curioso!
    De toda sorte, nesse ínterim, alguns professores da Politécnica já me informaram, por e-mail, o que eu queria saber, por mera curiosidade.
    Atenciosamente,
    Menandro
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    Professor Ramos
    Tecnicamente falando, um erro de digitação é diferente de um erro de ortografia. O primeiro decorre de um erro mecânico no ato de escrever – o que se denomina tradicionalmente lapsus calami, em Filologia. O segundo decorre do desconhecimento da grafia correta de um determinado vocábulo. Portanto, não cabe a contraposição feita pelo professor e reiterada com tanto entusiasmo por seus acólitos. É exatamente por isso que eu não mencionei o lapso da mesma natureza que o senhor cometeu ao digitar o próprio nome – Menansdro –, pois não se trata de um erro de ortografia.
    Atenciosamente
    Dante Lucchesi
    Professor Titular de Língua Portuguesa
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    Oi Prof. Lucchesi,

    Olhe eu novamente!
    É que eu, na minha crônica ignorância, nem percebi o que o douto professor escreveu. Meu filho é que me chamou a atenção para uma ninharia sem importância.
    Existe mesmo “Professor de Titular Língua Portuguesa”? Caso não seja pedir muito, esclareça essa dúvida para o seu novo admirador. Gostaria até de lhe fazer outras consultas oportunamente, se não for abusar da sua provecta paciência.
    Mui atenciosamente,
    Menansdro
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    Pai,
    pergunte ao eminente Prof. Lucchesi se ele é “Professor de Titular Língua Portuguesa” ou “Professor Titular de Língua Portuguesa”!!!
    Hahahaha!!!!
    Beijos,
    MF.

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    Prezados colegas
    Só fiquei em dúvida se o Professor Ramos soube do candidato a vice da Chapa 1, por meio de um auto de fé, de um auto jurídico ou administrativo, ou se ele apenas queria dizer que “sabia por alto”.
    Atenciosamente
    Dante Lucchesi
    Professor de Titular Língua Portuguesa
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    Car@,
    Quem é o candidato a vice da Chapa 1?
    Duvido se você sabe. Eu sabia só por auto. Agora sei um pouquinho mais quem é o ilustre candidato, que a Chapa 1 não teve a consideração de nos apresentar…
    Confira:

    – Quem é o vice da Chapa 1?

    Atenciosamente,
    Menandro Ramos
    Prof. da FACED/UFBA
    assessor do Blog do Saci-Pererê

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