 Provincianismo aculturado

 

 

Cara Uilma

Esse procedimento seu é o que eu chamei na minha última mensagem de provincianismo aculturado. Esse deslumbramento acrítico pelo que passa no primeiro mundo. A literatura brasileira está cheia de críticas a esse tipo de procedimento das elites brasileiras desde tempos pretéritos.

 Lima Barreto criou um personagem que ilustra essa atitude. Era um ministro da agricultura que promoveu um imigrante russo que entrou no Brasil como agricultor só porque ele tinha cabelos loiros, olhos azuis e falava embolado, a seu secretário especial de agricultura.

 Ele comentava com esse secretário russo (que ria dele às escondidas) que seu grande sonho era ser ministro da educação, pois ele tinha um plano para uma nova escola brasileira que resolveria de uma vez por todas os nossos problemas de educação.

 Ele tinha uma teoria de que os europeus eram mais inteligentes por causa do frio. Então ele iria colocar uma câmara frigorífica em cada escola. Os alunos antes de entrarem na sala de aula passariam uma hora na câmara frigorífica.

 Em Lima Barreto tem também um projeto das nossas elites de uma Nova Universidade, baseada nos ventos que sopravam, supunham eles, dos EUA. A Universidade Pragmática. Nada de ensino de ciências puras nem humanidades. Esses professores seriam substituídos por pregoeiros especialistas voltados para o MERCADO. Ensino prático.

 Um Turco (não sei o que Lima Barreto tinha contra os turcos) ensinaria a vender fósforos em linguagem popular: “Olha o fósco, olha o fósco, um é dois três é cinco”. Outro venderia vassouras: “Vassorêêêêiiiiiiro; ooooolha a vassoooura.” Outro acaçá: “Acaçáááááááááá; acaçáááá de milho veeeeeeerde”. Vai querer freguesa?

 Obs: Como eu não tinha de memória o texto exato de Lima Barreto, improvisei alguns pregões.

 Mas há o outro lado da medalha, prezada Uilma, que eu acho o melhor.

O Vietnã recebeu da URSS, de presente, uma escola politécnica completa com laboratórios, com tudo de moderno para aquela época. Além disso o Vietnã tinha uma dependência quase absoluta da URSS quanto ao fornecimento de armas inclusive armas moderníssimas para a época. No entanto a elite do Vietnã recusou parcialmente a proposta.

 Deixou instalada a Escola Politécnica, mas a manteve fechada até que os cientistas vietnamitas pudessem usá-la adaptando-a aos conceitos filosóficos e políticos do que é um cientista vietnamita.

 E os técnicos vietnamitas, mesmo sem essa politécnica, foram capazes de fazer modificações na lógica eletrônica de deteção, dos famosos foguetes russos por conta própria, e com isso pegaram de surpresa os americanos, infligindo-lhes uma enorme perda de super bombardeiros.

 A Coreia do Sul, país capitalista, apesar da enorme influência americana e por tabela do Japão, devido a uma série de necessidades reais que ela tem e não pode suprir pelos seus próprios recursos naturais (escassez essa que nós não temos), adota firmemente também como o Vietnã, esse princípio da auto-suficiência. Ela tem uma indústria automobilística própria, para vergonha do Brasil.

 Saudações brasileiras

 F. Santana

 

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Em 05/12/06, *uilma@ufba.br <mailto:uilma@ufba.br>* <uilma@ufba.br <mailto:uilma@ufba.br>> escreveu:

     Caros Professores Virgilio e Asker,

 Sou professora da faced-ufba e entendo que o modelo atual de esnino superior brasileiro nao atende ás necessidades da população     como um todo e nem taopouco aquela populaçao para quem o modelo foi pensado em 1968.

 Estou atualmente na Universidade de Salamanca na Espanha , uma das mais clássicas universidades do mundo, e por aqui felizmente desde 1998, há um processo em curso de reestruturaçao total desse  modelo de universidade.Todo esse processo de reestruturaçao dos curriculos e títulos das universidades, foi iniciado pela Sorbone em Paris  que desde 1998 mudou completamente sua estrutura curricular, e abadonou por completo as titulaçoes do modelo antigo, a sorbone mudou ,  e hoje  absorve um numero maior de  pessoas e por um processo mais democratico, permitindo a participaçao de um maior numero de alunos de diversas categorias sociais. Em 1999 foi a vez da  universidade de Bolonha na Alemanha, com a conhecida Declaraçao de Bolonha, subscrito por 29 países europeus na qual foi criado o Espaço Europeu de Educaçao Superior-EEES, baseado nos principios de qualidade, mobilidade e diversidade o qual pretende ser um polo de atraçao para estudantes e porfessores de outras partes do mundo.

 Veja em http://www.usal.es <http://WWW.usal.es&gt; O “espacio europeu de ensenanza superior” , esta aberto a discussoes e recebe sugestoes do mundo inteiro.

     abrazos- saludos

    uilma amazonas

 

 —–Mensagem original—–
De: Francisco Santana [mailto:francisco.jose.santa@uol.com.br]
Enviada em: quarta-feira, 6 de dezembro de 2006 12:49
Para: uilma@ufba.br
Cc: Asher Kiperstok; apubdebates-l@listas.ufba.br
Assunto: Resposta a Prof. Uilma

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