¤ O Petit Gâteau do Pelô
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Mary Arapiraca
Não sei se começo por ele, o primeiro de 2010, manhã de terça da bênção 23/03, no Auditório II, que leva o nome do memorável colega Expedito Nogueira Bastos, ou se começo pela visita ao Pelourinho, na noite do mesmo dia. Com essa incerteza começo afirmando o que ela disse quando disse que escrever implica escolher, portanto viver um drama. Pra mim, escrever é também drama por outras razões, mas deixa isso pra lá. Ela é Ana Maria Netto Machado, escritora, poeta, psicanalista pesquisadora e ele o nosso “Uma vez todo mês”, nome inventado por Lili (BELTRÃO, LMF) para uma ação do GELING (Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação e Linguagem) coordenado por Dina (MUNIZ, DMS), professora FACED/UFBA. Até aí, tudo na mais perfeita normalidade, se é que existe alguma mais perfeita normalidade nesse mundão de meu Deus. Mas isso não vem ao caso.
O que vem ao caso é que depois de prender a atenção do público por duas horas expressando que a fala do divã é da ordem da escrita, que o caminho para a escrita é a própria escrita, que ensinar a escrever é, sobretudo, contaminar as pessoas com o bichinho da curiosidade, e passar mais quatro no comitê acadêmico do exame de qualificação de Obdália, ela (MACHADO, AMN), chega ao Pelô, ciceroneada por nós: eu e Ana Paula.
– Estou com fome, diz ela. Depois do almoço fugaz no “Saúde Brasil”, não comi nada.
– Então vamos jantar no “sorriso da Dada”, dissemos nós.
Nesse exato momento, estávamos em frente à Casa do Olodum, que nos fez recordar Neguinho do Samba, o criador do “samba reggae”, da banda “Olodum Mirim”, entre tantas outras apropriadas invencionices logo, defronte do restaurante Sorriso da Dada. Mas nós cicerones não vimos isso. Ao contrário, seguimos o itinerário determinado por J. Michel, que entra em beco, sai beco até voltar para o canto que estávamos.
– Eis aqui, bonecas, o “Sorriso da Dada” e nos faz adentrar, recebendo a seguir seu pequeno “pro labore”.
Jantamos com prazer e parcimônia. Perguntadas, pelo solícito garçom se satisfeitas estávamos, tomei a iniciativa de dizer: ainda não. Queremos agora o “Negão da Dada”. Pra quem não conhece, trata-se de um petit gâteau ao modo da culinária baiana.
– Negão da Dada só no sorriso da Dada, é lógico!
– E onde estamos?
– Vosmicês são professoras? O Sorriso da Dada fica logo ali, ao lado.
Claro que nem de longe pensamos em levar o J. Michel para o Juizado de Pequenas Causas. Com o sorriso amável que fomos recebidas, praticamente trocamos seis por meia dúzia.
***
A essa altura, o leitor, invadido de curiosidade, pode perguntar:
– E o Negão da Dadá?
– Ora, ora! Passamos lá depois e conferimos, que ninguém é de ferro!…
março 30, 2010 às 1:27 pm |
delícia de texto
delícia de jantar
e como eu também não sou de ferro (graças à minha baianidade)
delícia de negão!